domingo, 27 de setembro de 2009

"Geração 500"

Vivemos actualmente numa conjuntura nacional onde o desemprego está na ordem do dia. Todos os dias centenas de pessoas são despedidas do seu emprego e saem para a rua sem qualquer garantia. Aterroriza-me pensar que amanhã posso ser eu, mas felizmente a minha situação contratual não é assim tão precária, pelo menos comparada com a maioria dos operadores de contact center.

Os jovens devido às escassas oportunidades de trabalho são obrigados a entrar num regime de trabalho temporário com contratos renováveis de três em três meses. São autênticas mercadorias descartáveis, facilmente substituíveis. Apesar da sua precariedade este é o sector em que é visível um crescimento mais acentuado do número de ofertas de trabalho, empregando cerca de 50 mil pessoas.


É triste quando sabemos que existe nestes locais um grande número de indivíduos com estudos académicos, que para além de não conseguirem exercer a profissão que escolheram são sujeitos a salários baixos e incertos. Estamos então na era da “Geração 500”. Uma geração que se vê obrigada a viver com 500€ mensais sem possibilidade de aumento durante um período bastante alargado. Mas apesar de ser um retrato comum, todos nós conhecemos alguém que vive nas mesmas circunstâncias, mas só quem vive esta realidade laboral é que tem a noção da gravidade da situação.

Para mim é frustrante ter terminado o curso de Sociologia em 2007, chegar ao mercado de trabalho e ver que não existe lugar para mim. Enveredei por outros cursos com objectivo de valorizar o meu currículo e no final a única possibilidade que me apareceu foi um Contact Center. Mas também tenho de ser realista porque tive muita sorte, a verdade é que nem todos os serviços destas empresas apresentam vínculos precários associados a empresas de trabalho temporário. Para além do conhecimento que tenho vindo adquirir na área de seguros (e responsabilidade também) estou actualmente efectiva e isso permite que tenha mais alguma segurança. No entanto continuo a fazer parte da geração 500 pois o meu rendimento base em um ano e meio não sofreu nenhuma alteração.

Neste meu discurso falo em “sorte” porque cruzo-me todos os dias com pessoas que tal como eu têm formação académica mas foram contratadas por empresas de trabalho temporário em regime de três meses, que apesar de renovados não permitem qualquer vínculo à empresa. Algo que só é possível com o contorno da lei por parte de algumas empresas, que através de alguns esquemas conseguem que pessoa renove estes contratos por tempo indeterminado. Para além deste tipo contratos, a situação é mais grave quando obrigam estes jovens abrir actividade nas finanças para passar recibos verdes.

A geração 500 mais do que uma realidade, parece-me a mim um modo de vida. A cada dia que passa somos obrigados a viver com pouco mais do ordenado mínimo e aceitar que aqui não vamos mudar…

Até breve!!

2 comentários:

Ricardo Mendes disse...

Infelizmente minha querida amiga, é uma realidade que nos parece quase incontornável. No entanto, julgo que movimentações que começaram como o teu blog parecem estar a aumentar e as exigências às empresas e ao próprio estado ficarão muito mais acesas... Contaremos com isso para que as coisas mudem! Continua a produzir este excelente trabalho, que quanto a mim me orgulha imenso e que tal como já te disse me surpreende muito e fico feliz! :D
Beijinho bom ;)

NMED disse...

Minha amiga estás a escrever muito bem.
Como membro da "Geração 500" só espero que a nossa situação mude...Cá estarei para colaborar no que precisares...bjo grd